Israel, a terra prometida!


A viagem a Israel foi um presente do meu namorado no Natal de 2018. Incialmente a viagem era de duas semanas e incluia Israel, Palestina e Jordânia. Organizámos tudo com mimo, mas, no último momento, ele não pôde ir e eu acabei por ir sozinha a um país que não me convencia e que, confesso, tinha muitas ideias pré-concebidas. 

Eu como sou um camaleão, adapto-me e procuro sempre aproveitar o melhor de cada sítio que visito ou vivo. Esta é uma das grandes vantagens de viajar! Assim vimos com os nossos próprios olhos, falamos com quem vive ali que, efetivamente, sabe do que fala e tiramos as nossas próprias conclusões.

Visto que ia sozinha, resolvi voltar a planificar as minhas férias de verão. Naquele momento, pareceu-me que uma semana era mais do que suficiente no Médio Oriente. Quatro dias em Telavive e três dias em Jerusalém e um na Palestina. Mais uns dias em Brno, na República Checa, e outros em Évora.

No verão de 2019 fui a Israel sem grandes expetativas, só para aproveitar uma viagem oferecida, e agora sei que quero voltar a Jerusalém, porque me senti bem ali, porque ali sente-se uma energia diferente, porque ali o mundo parece ter uma dimensão diferente.

Israel foi uma boa surpresa. Eu imaginava um país marcado por conflitos, muitos militares carrancudos nas ruas prontos a disparar, pessoas frias e distantes, todos vestidos de acordo com o judeismo ortodoxo. Nada disso! É um país muito mais ocidental do que imaginava. As pessoas são muito simpáticas, sempre que pedi ajuda com alguma direção usaram o telemóvel para me ajudar, parecia que não tinham pressa, vê-se que gostam de receber bem e têm um nível de inglês impecável, o que não é de estranhar já que o país foi uma colónia inglesa (1918 - 1948). Israel é habitado por pessoas de muitas partes do mundo. Israelitas, israelitas são só as gerações mais recentes.

Israel foi fundado, criado e constituído pelos judeus para os judeus. Mais de 90% da população é judia e o resto muçulmana, mas há liberdade de culto. É um país muito caro. Há jovens armados por todos os sítios...

ATENÇÃO: Em Israel, à sexta-feira, fecha tudo às 15h30 e só reabre no sábado às 20h00. Durante este período paraliza-se tudo, não há transporte e todas as lojas, supermercados, etc. estão fechados.

Telavive


Apresento-lhes a cidade que está atrás de mim, Telavive. A cidade é muito jovem com apenas 111 anos. Tem uma costa com 14 km de praia que está sempre à pinha! Umas pessoas apanham sol, outros jogam, outros relaxam na água quentinha e limpa onde até podemos ver os peixinhos. Outros brincam com os cães, que têm autorização para estar na praia se estiverem com trela, claro. Da "casa" onde estão os nadadores-salvadores recebemos, constantemente, informação e avisos. E quando estes terminam a sua jornada laboral, mais ninguém pode entrar na água.

É uma cidade espetacular, transmite energia e sentimos-lhe o pulso vibrante. A trotinete elétrica impera pelas ruas, parece que toda a gente tem uma 😊 As ruas estão cheias de gente e as esplanadas a abarrotar. Disseram-me que sair à noite em Telavive é excelente, não importa o dia da semana. E por aquilo que eu vi, sem ter ido a bares ou discotecas, as noitadas aqui prometem!


A Cidade Branca
Telavive também é conhecida por ser a Cidade Branca, pela cultura da escola alemã Bauhaus. Quando muitos judeus da Alemanha vieram para aqui, começaram a construir estes edifícios brancos com varandas redondas. À primeira vista parece tudo muito modesto, simples, mas ao mesmo tempo transmitem uma imagem de luxo. Em 2003, foi declarada Património da Humanidade pela UNESCO. 

Todas as casas têm um bunker com máscaras oferecidas pelo governo para o caso de um atentado químico, e é muito comum encontrar à porta um rectângulo de madeira à altura dos olhos. Antes de entrarmos em casa, beijamos a mão e depois tocamos nesse pedaço de madeira. Mezuzah tem dentro uma bendição que guarda todas as portas de Israel, está em todas as portas da casa, com exceção do WC. Mais símbolos judaicos aqui.


Shuk Ha`Carmel
Souk, mercado, é uma palavra árabe. O Mercado Karmel fica situado na zona mais antiga de Telavive. Ia a pé para a praia quando me deparei com este mercado. Parece mentira que uma cidade tão jovem como Televive possa ter um mercado tão autêntico e exótico como este! Isto só prova que mesmo a cidade mais moderna pode guardar um cantinho cheio de tradição que não passa com o tempo.






Enquanto passeava entre os postos, só ouvia hebreu no meio de tanto barulho, normal é aqui que os habitantes da cidade fazem as compras! Sentia o olfato a ser invadido pelo aroma das especiarias, os olhos fugiam de um posto para outro, ou seja, das frutas aos vegetais, passando por discos, posters, souvenir religiosos, comida, roupa... e as mãos não paravam de tocar em tudo! 
Neste mercado muito colorido onde se vende de tudo, só não se pode comer porco!




Jaffa, uma cidade muito antiga com o porto mais antigo do mundo!

No tour turístico que fiz por Jaffa conheci uma portuguesa do Porto, Graça, que rápida e felizmente se tornou na minha companheira de viagem.






No judeismo as imagens estão proibidas, porque para os judeus Deus não tem cara. Nas sinagogas, os homens e as mulheres estão separados. A Tora é como a Bíblia para os cristãos, e lê-se de trás para a frente. Sabias que os judeus rezam sempre em direção a Jerusalém nem que estejam na Austrália? E se estiverem em Jerusalém rezam em direção ao monte do Templo de Salomão.


Jerusalém, a cidade do Rei David


Fui para Jerusalém nos mini-bus de Abraham tours. O ponto de encontro é no Abraham hostel, no centro da cidade. O hostel tem uma pinta moderna e jovem, conta com uma "agência de viagens", organiza cursos de cozinha, encontros, excursões, dispõe de transfer para o aeroporto, etc. Gostei imenso do serviço de transporte de Telavive - Jerusalém - Telavive: pontual, barato e organizado. Como os lugares disponíveis são poucos, o melhor é reservar com antecedência.

Telavive transmite energia, festa, vida social. Jerusalém tem um ritmo diferente, um ritmo tranquilo, num cenário milenar, onde em cada passeio temos tempo para pensar invadidos por uma paz que sabe muito bem. Eu sou muito ativa, nem no sofá consigo estar quieta, mas ali senti-me muito em paz. A parte antiga de Jerusalém foi declarada Património da Humanidade pela UNESCO em 1981.

A origem de Jerusalém remonta ao ano 3000 a.C., é uma das cidades mais antigas do mundo. Dizem que Jerusalém foi destruída 19 vezes e 19 vezes foi reedificada, tendo sido conquistada em 26 ocasiões. Hoje é um dos lugares mais disputados do mundo. A cidade sagrada para muitos divide-se em quatro bairros - cristão, arménio, judeu e muçulmano - com 5 km de diâmetro, onde todos se cumprimentam com a palavra paz. A convivência depende dos bairros, embora haja pouca relação entre eles, exceto nas escolas mistas onde as crianças brincam sem ter em conta a religião ou a cultura do outro.

Em Jerusalém, à sexta-feira à tarde todos os caminhos dão ao Muro.

Cheguei a Jerusalém uma sexta-feira ao início da tarde para assistir ao Sabat no coração do mundo judeu, ou seja, no Muro das Lamentações, o sítio onde os judeus dizem ter uma comunicação direta com Deus. 


Para aceder e sair do zona do Muro é necessário passar por vários controlos para confirmar que ninguém entra armado. O sonho de milhões de cristãos e judeus é estar justamente aqui, virados para o muro, para pedir, orar e agradecer. Os homens estão num lado e a mulheres noutro. Para entrar, os homens têm de tapar a cabeça com o kipá, que recorda que Deus está sempre acima de nós. Cantam, balanceam, choram... pessoalmente achei demasiado dramático.





Em Israel vivem cerca de 7 milhões de judeus oriundos de mais de 80 países. Os judeus ortodoxos são um terço da população judia de Jerusalém. Alguns promenores curiosos sobre as mulheres judias: as saias usam-se muito por debaixo dos joelhos e os cotovelos estão tapados, não podem cantar nem mostrar o cabelo em público (mulheres casadas), por isso usam uma cabeleira.

Já sabes, quem vai ao Muro das Lamentações deixa um papelinho com pedidos, orações, bendições para alguém da família ou para alguém doente. Na festa da Páscoa, celebra-se o ano novo judeu, retiram-se todos os papelinhos e junto com os livros estragados são enterrados num cemitério especial para livros sagrados.




Onde vou faço amigos!



A Nossa Senhora de Fátima também está por todo o lado!



O Bairro Judeu foi edificado na década de 60 depois da Guerra dos Seis Dias. As ruas são um labirinto. 


No coração do bairro está uma réplica do Menorah, o candeeiro de sete braços de ouro que era um importante objeto ritual no tempo do Rei Salomão. O Menorah da foto custou 2 milhões de dólares, foi doado por uma família judia russa. 

A Porta de Damasco, talvez a mais falada e mostrada nos telejornais, por ser um sítio onde costumam ocorrer atentados, há sempre polícias armados até aos dentes, os registos são muito frequentes e não se permite tirar fotografias aos polícias. 

Em frente a esta porta vais encontrar um mercado com muitos postos e também a estação de autocarros. Daqui partem com frequências autocarros para a Palestina, Belém, por 7 seckels.



Esta é uma das sete portas da cidade, esta precisamente tem entrada para o 
Bairro Muçulmano que tem cerca de 22 mil habitantes.

A Via Dolorosa é o caminho que Jesus percorreu com a cruz às costas, é uma rua que termina na Igreja do Santo Sepulcro, o centro da vida cristã. As 14 estações estão todas assinaladas e marcam diferentes momentos da paixão de Cristo.




A construção do Santo Sepulcro, um dos lugares mais importantes e sagrados do Cristianismo, começou em 326 d.C. Segundo os envangélios é o sítio exato onde Jesus foi cruxificado, enterrado e ressuscitou. Só tem uma porta de entrada e saída.


A pedra onde o hungiram e taparam Jesus com o lençol sagrado para ser sepultado é motivo de grande devoção pelos ortodoxos russos.




No primeiro andar, fica o Calvário onde foi crucificado. É possível tocar no sítio onde a cruz foi colocada. Dentro está a tumba onde foi colocado o corpo de Jesus e passado três dias ele ressuscitou. É um sítio impressionante, grande mas ao mesmo tempo pequeno, com tanto incenso como pessoas, as filas são enormes e dificilmente se consegue tirar uma foto sozinho.




Cúpula Dourada ou Domo da Rocha é uma mesquita no Monte Moriá, é o terceiro local mais sagrado do islão, depois de Meca e Medina. 

A mesquita foi construída em 691 d.C. para comemorar a vitória islâmica frente aos cristãos em Jerusalém. Este também é o local em que os judeus e cristãos acreditam que Abraão estava disposto a sacrificar o filho como oferenda a Deus. É uma estrutura impressionante, talvez uma das mais fotografadas do mundo, mandada revestir de ouro pelo rei Hussein, avô do atual rei da Jordânia em 1998, debaixo encontra-se a pedra da criação. 

Enquanto vageavamos pelas ruas encontrámos a casa do Pai Natal... imagino que ficámos tão emocionadas a falar e a tirar fotografias que um homem veio à janela. Era o Pai Natal! E convidou-nos para entrar... entrar num mundo natalício tão bonito que voltámos à nossa infância.  




Issa Kassissieh foi um jogador de basket israelita muito famoso que decidiu arrumar os ténis e mascarar-se de Pai Natal para ver as crianças felizes. 


Acordos de Oslo
O quarto nº 16 do Hotel American Colony foi o sítio onde se reuniram Isaac Rabin e Yasser Arafat para planear e assinar os Acordos de Oslo que permitiam a criação de um autogoverno, ainda que limitado, para a Palestina. Supostamente passado 5 anos dariam seguimento a um acordo permanente. Quase 20 anos depois, não mudou nada e os Acordos cairam em saco roto... vale a pena visitar o hotel, é muito bonito, histórico e é provável que nos cruzemos com alguma figura conhecida.

Museu do Holocausto
No Museu do Holocausto cada árvore está dedicada a uma pessoa que pôs a sua vida em perigo para salvar judeus durante a II Guerra Mundial, como o português Aristides Sousa Mendes. Em 2017, este museu, que presta homenagem aos 6 milhões de mortos, recebeu o Prémio Príncipe das Astúrias da Concórdia. É um lugar especial, talvez único no mundo. Nos mosaicos estão escritos os nomes dos vários campos de extermínio e cada pedra significa uma vítima. Um milhão e meio de crianças morreram no holocausto. No estado de Israel vivem 280 000 sobreviventes do holocausto. 

Se avis a Israel, eu aconselho a visita a Massada, Ein Gedi e Mar Morto.



Jerusalém é, sem dúvida, uma terra de constrastes sociais, políticos e religiosos que não deixam ninguém indiferente. Talvez seja aqui, nesta encruzadilha de culturas, onde um dia, esperamos próximo, se abra a porta da paz e convivência entre os povos.


Sabias que...
aos 8 dias de nascer todos os meninos judeus são circuncidados?
metade dos diamantes do mundo estão em Telavive?
não há escolas privadas em Israel?
em Jersualém há 12 mil árabes cristãos?
o maior banco de pele do mundo está aqui?
bate o record de Prémios Nobel do mundo?
ofereceram o posto de primeiro presidente de Israel a Albert Einstein mas ele recusou?

10 Judeus portugueses 



Embaixada de Portugal em Israel



O conteúdo deste artigo baseia-se na minha experiência e preferências pessoais.

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