Descobrir a ilha de Santiago, Cabo Verde
Santiago, uma só ilha e tanto para explorar e sentir!
Quando sai de Madrid estava longe de pensar que ia passar umas férias de sonho. Quando estávamos prestes a aterrar e vi a paisagem assustei-me, pensei no que me tinha levado a ir para um destino que parecia o fim do mundo. Calma!!! Aposto que este é o pensamento de todos os turistas que visitam #Santiago 😁 Aqui primeiro estranha-se, depois entranha-se!
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Mural pintado no Ecocentro - Centro de produção ecológica |
Berço da nação, mistura de europeus e de escravos, terra do #batuque e do #funaná, paisagem diversificada: do interior verde e montanhoso ao litoral colorido e salpicado de vilas piscatórias. Aqui há muito para descobrir!
O centro histórico de #Praia, o #Plateau, pareceu-me muito agitado, cheio de gente e atividades para estar entretido e sem pressas. Praia parece que só tem duas ruas principais e a excelente vista para o mar, mas há muito mais para ver se passeares pelas ruelas sem entrar na zona da favela (não recomendável para turistas!).
O Plateau é o coração da cidade. Entre visitar a igreja e a câmara municipal, passear pela zona onde está colocada a estátua do navegador Diogo Gomes, que terá descoberto a ilha em 1460, admirar as casas coloniais e as praças, ver o antigo quartel Jaime Mota ou as montras das lojas (até lojas chinesas há aqui!), espantar-se com o equilíbrio com que as mulheres levam os alguidares na cabeça, descansar para beber água de coco ou ir ao supermercado comprar água (essencial, não se pode beber água da torneira), ver uma exposição ao ar livre... o tempo passou a voar!
Na avenida Amilcar Cabral, o frenesim é constante: muita gente, inúmeros taxis, bancos, supermercados, farmácia... A rua 5 de Julho é pedonal, também há muitas lojas, cafés e restaurantes com esplanadas, hotéis, lojas de artesanato... e é onde se situa a entrada para o Mercado Municipal, o maior e mais diversificado de #CaboVerde.
Nós estivemos umas 2 horas aqui, é uma balbúrdia, tudo tão colorido, desordenado, sobrelotado e mega interessante. Produtos em miniatura que mais parecem de brincadeira, muita fava (adoro!), bolos típicos, peixarias onde vi o bichinho dos búzios pela primeira vez, muita água de coco, queijos, ervas medicinais, fruta e legumes! Sentimos os cheiros, vimos as cores e saboreámos a ilha!
O mais chamativo é a simpatia das pessoas, todos nos convidavam a provar, não se importavam quando tirávamos fotos (pedíamos sempre antes) e ficavam muito felizes quando dizíamos que estávamos a adorar Praia.
Queríamos visitar a Fundação Amilcar Cabral (líder do movimento pela independência de Cabo Verde), o Etnográfico e assistir aos (possíveis) eventos do Centro Cultural Ildo Lobo, mas estavam fechados. Os horários de abertura não correspondem à realidade... vai-te acostumando!
Queríamos tanto praia e não nos decepcionámos. Do centro fomos de táxi (2€) até à praia de #QuebraCanela.
Depois de dois dias em Praia, apanhámos o barco para visitar a ilha do Maio, onde passámos 3 dias maravilhosos. Regressámos de avião (8 minutos no ar, estás a apertar o cinto e já estás a aterrar 😃) e fomos diretamente para o mercado da Sucupira para apanhar uma Hiace com destino ao Tarrafal.
Do Sucupira partem todos os dias Hiaces com diferentes destinos. Chegar aqui é fácil, basta descer as escadas coloridas da Av. Amilcar Cabral e começas a ver muitas Hiaces e táxis. Convém chegar cedo porque há mais e enchem-se em menos tempo.
Se antes da saída tiveres tempo, visita o mercado com muito cuidado. Tanto uns amigos que viveram em Praia como no hotel, recomendaram-nos evitar essa zona e até o mercado sem a companhia de alguém dali. O mercado é um mundo, aqui encontras de tudo. Sim, de tudo!
Eram umas 11h00 quando chegámos ao Sucupira. Já havia pouco transporte e acabámos por ir com um guia que nos prometeu uma viagem direta ao Tarrafal por 2000 escudos/ pessoa (20 €). Quando demos conta estávamos num tour e chegámos ao destino já passavam das 18h00. O melhor de tudo é que conhecemos mais de Santiago e fizemos amigos alemães, austríacos e portugueses que não largámos durante o resto das férias.
Regatear as deslocações e desconfiar é essencial. Durante o tour fomos falando uns com os outros. Todos sabiam que iam fazer um tour menos nós e cada um tinha um preço diferente. No final, o guia, já fumado e bebido (felizmente não era ele quem conduzia e infelizmente acontece com muita frequência), esqueceu-se do acordo e queria mais dinheiro.
As paragens realizadas:
- São Domingos: visitámos uma olaria e fomos ao Ecocentro - Centro de produção ecológica, um espaço ideal para quem aprecia a flora e a fauna.
- Assomada: demos um passeio muito curto pela segunda maior cidade da ilha e vimos o mural dedicado ao cantor #DinoSantiago.
Chegámos ao #Tarrafal muito cansados mas também muito satisfeitos. Foi um dia em cheio!
A sensação que alguns destinos turísticos têm em nós é impressionante. Muitas vezes fecho os olhos e vejo-me novamente no Tarrafal. Parece tão real, e é uma pena que não o seja!
Com toda a certeza que o Tarrafal é o meu ponto favorito da ilha de Santiago. Esta pequena localidade piscatória, onde também reina a calma, tem um encanto especial. Porquê? Não sei... é algo que se sente! E muito graças à beleza da praia redonda rodeada pelo monte Graciosa em forma de elefante deitado, ou pela cor das casas, o calor das pessoas, o não fazer nada mas ter tanto para ver e conhecer. Nas duas primeiras noites ficámos na zona de Ponta d'Atum, na Casa Strela (recomendo a 100%), junto a uma piscina natural no meio de rochas... idílico!
O que menos gostei da viagem foi visitar o Campo de Concentração do Tarrafal, o campo da morte lenta, classificado como Monumento Nacional. O museu enquanto centro de interpretação está excelente, preserva a arquitetura original, apresenta boa informação e é possível ver as celas, a enfermaria, o refeitório e outros espaços, mas saber o que se passou e quantos padeceram ali dá muita pena, uma verdadeira vergonha!
É isso, o museu conta a história deste espaço que foi criado para encarcerar os presos políticos do regime fascista português. A visita não sei se é obrigatória, eu senti que como portuguesa devia ir vê-lo. Tenho uma certeza: daqui ninguém sai indiferente.
Recuar aos primórdios do arquipélago é visitar a Cidade Velha, berço da nação crioula, primeira capital do país até 1770, classificada como Património da Humanidade da UNESCO em 2009. Uma tarde é suficiente para uma visita à Fortaleza Real de São Filipe (120 m de altura), às ruínas da catedral, à igreja colonial mais antiga do mundo, Nossa Senhora do Rosário, e ao convento de São Francisco, todos edificados entre os séculos XV e XVII. No centro da cidade, fica o Pelourinho, erguido em 1520, testemunho do tráfico de escravos (estima-se que por aqui passaram 28 000 escravos entre 1600 e 1700). Também não podes deixar de passear pela rua Banana, a mais antiga da Cidade Velha, sendo por isso a primeira rua de urbanização portuguesa nos trópicos.
Conta a lenda...
que Deus, ao terminar de criar o mundo, sacudiu as mãos sujas de terra e caíram pequenas partículas na água, criando as ilhas que formam hoje o arquipélago.
Gastronomia
Não podes sair daqui sem provar a #Cachupa. adorei e enche para 3 dias! No Plateau não faltam restaurantes com oferta diversificada. Obrigatório comer Cachupa na Kaza Katxupa, dizem que é aqui onde se come a melhor do país por 700 escudos (7€). Também não te podes ir embora sem jantar no Quintal da Música, um restaurante que promove a música cabo-verdiana. Tens de reservar com antecedência, a comida é muito saborosa (consumo mínimo de 1200 escudos (12 €)) e assistes a um espetáculo musical ao vivo. No palco há sempre grandes nomes da cena musical cabo-verdiana. Aproveita, vale muito a pena!
Comer fora todos os dias não sai assim tão barato... nos dias que quiseres poupar podes ir ao Pão Quente (há vários espalhados pela cidade), parece uma pastelaria onde podes tomar café, mas também serve refeições a preços muito razoáveis.
Grogue
Em todos os sítios há Super Bock, mas também podes beber a cerveja nacional: #Strela. Contudo, o #grogue é a bebida rei do #arquipélagocaboverdiano. Dizem que é digestiva, serve para celebrar, agradecer... para todas as razões 😁 Há muitos restaurantes que oferecem música ao vivo à noite. Se quiseres prolongar a noite também há bares e discotecas. Nós saímos pela zona de Quebra Canela e gostámos muito. Estivémos numa esplanada a ouvir música ao vivo, e quando pedimos a conta, qual a surpresa que cobraram pelo concerto.
Um conselho, quando saíres à noite leva um casaco!
Segurança
No hotel mostraram-se muito preocupados quando dissemos que queríamos ir até ao Plateau a pé às 18h00. A preocupação foi tanta que prometemos apanhar um táxi para voltar ao hotel. Não andes a pé à noite porque, embora Santiago seja a ilha mais perigosa do arquipélago, há cada vez mais registos de crimes violentes. Os táxis são muito baratos: na parte baixa da cidade custa 200 escudos (2€) e se fores para a zona de #Palmarejo custa 300 escudos (3€).
Durante o dia tem cuidado com os carteiristas, sobretudo, no Mercado Municipal e no Sucupira.
Na rua Amilcar Cabral há muita gente que se aproxima muitooo para perguntar se queremos trocar dinheiro, tenta manter alguma distância. No hotel, cambiaram-nos algum dinheiro e recomendaram-nos pedir aos taxistas que nos levavam ao centro para intermediar por nós e garantir que tínhamos o valor correto e notas verdadeiras. Fizemos isso e correu sempre bem.
Atenção:
A partir das das 18h00 levanta-se um vento raivoso e é indispensável um casaco.
Sabias que...?
- o projeto de recuperação da Cidade Velha esteve a cargo do arquiteto Siza Vieira?
- na época da colonização portuguesa, a ilha recebeu a visita de Sir Francis Drake e que em 1832 foi a vez de Darwin?
- estima-se que vivem mais cabo-verdianos fora do que no próprio país?
- aqui podem passar anos sem que chova?
- há pessoas que comem ao pequeno-almoço cachupa?
- Cabo Verde precisa de importar 80% de tudo o que precisa?
- segundo a organização Freedom House, Cabo Verde é o país mais democrático da África?
- representa o segundo ponto mais importante da desova de tartarugas marinhas do mundo?
- para visitar Cabo Verde é necessário passaporte e visto (30 €) e 1 € corresponde a 110 escudos?
Descobrir Santiago
Em 2020, tínhamos pensado visitar alguma ilha de Cabo Verde, mas a pandemia trocou-nos a voltas e só foi possível em 2022. As coisas acontecem quando têm de acontecer! Não tínhamos mais expetativas que não fosse descansar. Sabíamos que queríamos visitar uma ou duas ilhas (nem sabíamos qual!), comer peixe fresquinho saído da lota, fazer muita praia, visitar um ou outro museu... foi tudo melhor do que alguma vez pudemos sequer imaginar. Sentimos a morabeza e queremos MUITO voltar!
Não hesites, vem daí sentir a #mobareza!
Se quiseres visitar Santiago envia-me um email, eu ajudo-te a preparar a viagem!
Muita saúde e boa viagem a Santiago!
#AlentejanaMochileira #LaGomeraExperience #Viajareviver #YoSoyTraveler #TravelAdventures
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