Palestina, aqui é sempre Natal


Há mais 5 mil anos, a cidade de Belém era um acampamento beduíno e chamava-se Éfrata.

Deste lado, à primeira vista, nota-se pobreza e dificuldades.
 
Para entrar na Palestina temos de passar um muro onde está o check-point. Na ida não houve problemas, o difícil foi sair. Ao chegar a Belém fomos abordadas por vários taxistas. Todos nos queriam levar ao centro, ao muro, à igreja... por preços muito loucos. É preciso regatear, e muito! E se no meio do processo te fartares, não te preocupes, o caminho até à Igreja da Natividade, no centro de Belém, faz-se perfeitamente a pé. 

Depois de muito regateio, lá iniciámos viagem. O primeiro destino foi o muro que marca a separação entre Israel e os Territórios Palestinos. É chocante, arrepia. Uma coisa é saber que o muro existe e outra é vê-lo. É o muro da vergonha com 720 km. 












Estávamos em choque, sem conseguir encontrar uma explicação lógica, com muitas perguntas na cabeça... e foi neste estado de inquietação que entramos numa loja de souvenirs situada em frente do muro. 



O empregado, muito simpático, sabia falar inglês. E como conversa puxa conversa, fomos ganhando mais confiança para perguntar-lhe sobre o país dele. Segundo ele, desde que existe o muro, tão polémico nas ONU e no âmbito internacional, há menos atentados, mas há miséria e não podem procurar uma vida melhor porque estão confinados ao muro. Para entrar em Israel, terra que diz ter sido roubada ao seu país (mostrou-me a foto abaixo) têm de ter uma justificação muito plausível para obter uma autorização de entrada. Apenas podem sair do país se for pela Jordânia, mas não têm dinheiro...
 
 
Contou-me que os palestinos necessitam uma serie de direitos que não têm, como segurança social ou direito à saúde. Também nos disse que a Palestina tem a própria polícia e compartem moeda com Israel.

A rapariga que sai comigo na foto está pintada em várias partes do muro. "Quem é ela? Tem de ser alguém importante!" E é! O rapaz contou-nos que é Ahed Tamimi, símbolo da resistência à ocupação israelita por dar um estalo a um polícia israelita. Por isso, esteve presa 6 meses. 


Dali fomos ao The Walled Off Hotel (O Hotel Amuralhado) aberto pelo artista Banksy.

 

O hotel tem 10 quartos, das janelas vê-se o muro da Cisjordânia e os assentamentos judios construídos ilegalmente no território palestino ocupado, segundo a lei internacional.




Em Belém há peregrinos de todas as partes do mundo e é sempre Natal. Jesus nasceu aqui! Em quantas línguas sabes dizer Feliz Natal?

O melhor souvenir que podes levar daqui é um presépioHá presépios por todos os lados e para todas as carteiras (podem custar mais de 5 mil euros, como é o caso deste onde eu saio na foto). 




Os presépios fabricam-se nas traseiras das lojas que podemos visitar e até comprar os protagonistas da noite de Natal sem estarem terminados ou pintados.



Gruta da Natividade é o lugar onde nasceu Jesus. Entramos por uma porta muito pequenina...



... e depois vamos para a fila que costuma ser enorme. Nós estivemos à espera 1h20! Prepara-te! 

A Basílica foi mandada construir pelo imperador Constantino. Aqui realiza-se a missa de Natal.




A estrela de prata, oferecida pelos Reis Católicos, marca o lugar exato onde nasceu Jesus. Há tanta gente que é muito difícil estar mais de 5 segundos neste sítio tão importante, onde todos se ajoelham e beijam a estrela. Foi um momento que não durou mais de 5 segundos, mas sente-se algo especial, pena que dure tão pouco.




Dali fomos à Capela da Gruta do Leite de Nossa Senhora, onde Maria dava de mamar a Jesus. Um sítio muito procurado por mulheres com dificuldades para engravidar. Diz-se que aqui acontecem milagres!




Almoçámos novamente kebab no restaurante da praça principal. Tudo muito apetitoso e ligeiramente mais barato que em Israel. 

Para voltar a apanhar o autocarro para Jerusalém, preferimos ir a pé até à paragem. Fomos com tempo, porque pensámos que ficava longe... mas não, uns 15 minutos como máximo. Pelo caminho vimos muitos postos de venda e miséria em rostos sorridentes, principalmente das crianças que ainda não sabem que não podem esperar nada do futuro enquanto viverem rodeadas por um muro.










Minutos após entrar no autocarro apaguei-me, estava mesmo muito cansada e foi um dia de emoções fortes. Acordei porque senti que o autocarro estava parado e assustei-me porque só estava a Graça e eu dentro! Olho para fora e vejo as pessoas, que antes tinham estado à espera do autocarro connosco, numa fila indiana. Que raios! Olho para o início da fila e vejo quatro jovens israelitas armados e com cara de gozo a decidir quem podia ou não entrar em Israel. É revoltante! Eles riam-se das pessoas mais velhas, inclinavam a cara como se estivessem a ponderar deixá-los entrar. Um miúdo de 15 anos estava com a mãe, deixaram a senhora entrar mas a ele afastaram-no da fila. No final, com o autocarro em andamento, entre risos de quem está a pregar uma partida deixaram-no subir.
Sem comentários...

Somos muito sortudos por ser livres! O certo é que entrei de uma maneira na Palestina e sai de outra. Uma coisa é ver na televisão, outra muito diferente é ver ao vivo. É muito chocante e revoltante!


Recomendação:

Se és muito aventureiro e queres ver de perto mais desta triste realidade palestina, Abraham Tours tem ao dispor um tour à Faixa de Gaza.


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Tenho a certeza que vais adorar visitar a Palestina!

Se quiseres visitar a Palestina, envia-me um email, eu ajudo-te a preparar a viagem!

Muita saúde e boa viagem à Palestina!

O conteúdo deste artigo baseia-se na minha experiência e preferências pessoais.

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