BudaPeste, o bulício e a calma


A pérola do Danúbio divide-se em duas partes: a Buda e a Pest, ou seja, o bulício e a calma. As grandes avenidas e o património arquitetónico impressionante fazem com que nos apaixonemos pela capital da Hungria.

Em setembro estive pela terceira vez em Budapeste, desta vez para me reunir com três colegas de turma do secundário. Não estavámos juntas há mais de 20 anos, e atualmente cada uma vive num país diferente. Já não sei como ou porquê escolhemos a pérola do Danúbio para local da “reunião”, mas sei que foi uma escolha acertada e a temperatura acompanhou a nossa alegria.



PEST
O Parlamento (XIX), o edifício branco, é um dos principais objetivos das máquinas fotográficas dos turistas. A cúpula é imponente e, à noite, a orla do Danúbio impressiona qualquer um! Entra e admira as joias da coroação (coroa de Santo Estevão e cetro real) no Salão da Cúpula, que homenageia, com 16 pilares, os 16 reis húngaros mais importantes. Para veres todas as atrações do edifício, participa numa das visitas guiadas que se realizam fora do horário das sessões parlamentares. 


DICA: Compra a entrada por Internet, assim evitas filas e garantes a visita, porque os grupos são reduzidos.

As paredes do edifício do Museu Etnográfico, no outro lado da praça do Parlamento, têm bolas de ferro, onde antes estavam os buracos das balas disparadas contra os estudantes que se reuniam ali para protestar contra o governo soviético durante a Revolução de 1956.

A uns 300 m do Parlamento, há um memorial simples, mas comovente aos judeus mortos durante a II Guerra Mundial, Sapatos na Margem do Danúbio. Sapatos em ferro deixados para trás, onde homens, mulheres e crianças foram obrigados a despirem-se e a descalçarem-se antes de serem fuzilados pelas costas.


Do Parlamento podes ir a pé até à Basílica de Santo Estevão.

Em forma de cruz grega, com uma cúpula de 96 m, foi edificada entre 1851 e 1905 e guarda o braço mumificado do rei que se tornou santo: Estevão. Aprecia a porta principal, onde estão esculpidas as cabeças dos 12 apóstolos e conta com a inscrição em latim “Eu sou o caminho e a verdade e a vida”.

No dia 20 de agosto, dia de Santo Estevão, os sacerdotes transportam o braço mumificado do santo através da multidão que se junta em frente à basílica. Esta basílica tem um orgão com 5898 tubos, imagina! De segunda a sexta-feira, às 20:00, há concertos de orgão que duram 70 minutos.

A basílica está sempre cheia de gente. Não se paga para entrar, mas um donativo é sempre bem-vindo. Por 2€ é possível subir à cúpula e ter uma bela visão panorâmica do centro da cidade. 

Na época natalícia, em frente à basílica, na praça Vörösmarty, realiza-se o Mercado de Natal mais famoso de Budapeste.

Margitsziget, a ilha Margarida!
Budapeste tem de tudo, até uma ilha! Margitsziget é o coração verde da cidade no meio do Danúbio com muitos parques e pequenos lagos, onde podes descansar, perder-te e respirar natureza. Aproveita para percorrer a ilha (2,5 km de comprimento e 500 m de largura) de bringóhintó (bicicletas de quatro rodas), enquanto assistes ao espetáculo da maior fonte musical da Hungria (só no verão). As atrações da ilha incluem: ruínas medievais, um zoológico pequeno, um jardim de rosas, duas fontes musicais, a torre de água histórica, piscinas, um parque aquático, cinema e teatro ao ar livre, etc.

O acesso à ilha é feito pela ponte Margit (sul) ou pela ponte Árpád (norte), alguns tours de barco fazem paragem aqui. Tranvia nº 4 e 6. O autocarro nº 26 que sai de Nyugati tér é o único meio de transporte que entra na ilha.

Conta a lenda...
que Margarida foi uma princesa húngara, filha do Rei Béla IV. Após a invasão mongol que arrasou a Hungria, os pais da princesa prometeram oferecer a menina a Deus em troca dos mongóis não voltarem ao reino. Margarida morreu na ilha em 1270 e foi canonizada pelo Papa Pio XII em 1943. Os mongóis nunca voltaram.

Entre Buda e Pest fica o Danúbio, uma atração por si só!

Algumas curiosidades sobre o Danúbio:
  • 2850 km2 de extensão;
  • A bacia abrange uma área de 795 686 km2;
  • Nasce na floresta Negra e desagua no mar Negro;
  • Segundo maior rio da Europa;
  • Os países da bacia do Danúbio são: Alemanha, Eslováquia, Croácia, Bulgária, Moldávia, Áustria, Hungria, Sérvia, Roménia e Ucrânia.
Perto da Ponte da Liberdade situa-se o cais de onde partem diversos tours de barco, tanto de dia como de noite. Há passeios para todos os gostos e carteiras. 

As minhas amigas e eu preferimos a versão low cost para ver exatamente o mesmo: apanhámos o tram no Parlamento e fomos até à estação final, sempre à beira do rio. Para regressar ao centro, não tivemos de mudar de tram nem de comprar outro bilhete! Lindo, prático e barato, olé!

BUDA
Antes só havia uma ponte que ligava Buda e Pest, a Ponte das Correntes ou Széchenyi (1849) em homenagem ao seu criador, o conde István Széchenyi, quem não pôde assistir ao funeral do pai, porque o ferry que ligava ambas as cidades não podia zarpar devido ao mau tempo. Ele ficou tão zangado que decidiu criar uma fundação para financiar a construção de uma ponte permanente. O engenheiro inglês William Tierney Clark projetou a ponte e o escocês Adam Clark supervisou a construção. A atual Ponte das Correntes não é a original, porque durante a II Guerra Mundial os alemães bombardearam todas as pontes. A nova ponte é de 1949.

Atravessa a Ponte das Correntes e vai ter à Praça Clark Adam, onde está a Pedra do Km Zero, local desde onde se medem todas as distâncias dentro do país.

Perto da montanha onde foi fundada Buda, encontra-se o Palácio Real, que alberga a Biblioteca Nacional (com cerca de dois milhões e meio de volumes e mais de cinco milhões de outros documentos), o Museu da História de Budapeste e a Galeria Nacional.

O autocarro 16 ou o funicular (5€) de 1870 levam-nos até ao palácio e aí podemos deslumbrar-nos com vistas únicas da cidade. Eu aconselho a subir a ladeira a pé, não demora mais de 5 minutos, é muito fácil (mesmo para preguiçosos desportivos como eu), e pelo caminho podes ir tirando fotografias. As áreas externas, como o Pátio dos Leões ou o Jardim Hunyadi, podem ser visitadas gratuitamente. Do Terraço Savoyar podes ver toda a cidade.

Já que estás deste lado, visita a Igreja de São Matias (atrás do palácio), com vários estilos arquitetónicos, embora se destaque o gótico. Foi palco de coroações e bodas reais. Os vitrais são chamativos, contam a história da Virgem Maria, da família de Béla IV e a vida de Santa Isabel da Hungria (dela também contam o milagre das rosas!). Na igreja realizam-se mais de 100 concertos de música clássica ao ano. Não te esqueças de olhar para o bonito telhado colorido.


DICA: Se quiseres fazer uma pausa, aconselho a tomar um café ou a provar um doce típico na Pastelaria Ruszwurm, a mais antiga da cidade, inaugurada em 1827.

Na mesma praça da igreja, Szentháromság tér, encontra-se o Bastião dos Pescadores, uma fortaleza de sete torres que homenageia as sete tribos fundadoras da Hungria. Do alto de Buda, podes contemplar uma vista espetacular de Pest.



Rua Váci
Se gostas de fazer compras, de passear pela cidade, se quiseres tomar uma bebida ou comer num bar/ restaurante com história ou comprar legumes num mercado com bancas, a Rua Váci é o sítio certo!
Nos armazéns Fontana encontras as grandes marcas. Gerbeaud Cukrászda é o café mais famoso da cidade. As paredes adornadas da Casa Thonet (loja de cristais de luxo) merece ser admirada. A Igreja de São Miguel é muito bonita por dentro. Os Palácios Klotild formam um edifício impressionante por fora, por dentro há escritórios e lojas. Aqui também podes encontrar o maior mercado interior de Budapeste, no rés de chão há muitas bancas coloridas de fruta, legumes, peixe… e, no andar de cima, vende-se artesanato da região (encerra ao domingo). As cerâmicas da loja Herendi Hárkabolt são lindas e genuínas. Muito cuidado com os carteiristas!

Terror Háza
Eu não visitei, mas sei que é uma das atrações mais visitadas de Budapeste e referida em vários guias. A Terror Háza (Casa do Terror) é um museu sobre os regimes fascistas e comunistas na Hungria do século XX e também memorial às vítimas. A Casa do Terror faz parte da Plataforma da Memória e Consciência Europeia.

Quando saires de Terror Háza, percorre a Andrássy Utca (Património da Humanidade desde 2002) até o fim e chegarás à Praça dos Heróis.

Hősök tere, a Praça dos Heróis, é uma das praças emblemáticas da cidade, onde foi construído o Monumento do Milénio, para celebrar os mil anos do país. Este monumento é uma escultura dos líderes das tribos magiares, os guerreiros husar, que conquistaram a bacia dos Cárpatos e fundaram o país. No centro, por cima de todos, o Anjo Gabriel protege os heróis da Hungria. Na praça há dois museus, um de cada lado: o Museu de Belas Artes e o Palácio das Artes, e um posto de turismo, onde também podes cambiar dinheiro.

Atrás da praça fica o Parque Városliget, o mais famoso de Budapeste, palco de muitos eventos e festivais. No dia em que estivemos aqui estavam a rodar um filme chinês! Do outro lado do lago, no mesmo parque, fica o Castelo Vajdahunyad, só tem 100 anos e é uma cópia de castelo de Hunyad, na Transilvânia, atual Roménia. Os húngaros dizem a brincar que é o castelo onde o conde Drácula passava férias. Foi construído em madeira e papelão para a Exposição do Milénio da Hungria em 1896, mas teve tanto sucesso por ser tão bonito de todos os ângulos que foi reconstruído em pedra e tijolo. Por esta zona também podes visitar o zoológico, o jardim botânico e as termas de Széchenyi.

Termas
As termas fazem parte do modo de vida dos húngaros, que acreditam nas propriedades curativas da sua água muito sulfúrica, especialmente indicada no tratamento do reumatismo e artrite. Quem vai a Budapeste e não visita as termas, é o mesmo que ir a Roma e não ver o Papa (foi o que me aconteceu :-) Não te esqueças do fato de banho em casa e não te preocupes com as temperaturas. Eu estive lá num dia muito nublado, com a temperatura a rondar os 15 graus e diverti-me imenso na piscina exterior de ondas. Acredita, quanto mais frio estiver, mais gostarás do banho a (+/-) 38 graus. As termas de Széchenyi são as termas mais conhecidas, cenário de filmes, onde tens à disposição diferentes banhos, saunas e tratamentos.

É a maior sinagoga da Europa e a segunda do mundo com capacidade para 3 mil pessoas. Construída entre 1854 e 1859 em estilo neomourisco e neobizantino, alberga o Museu Judaico e um memorial sobre o holocausto. Atualmente, apenas 0,1% da população húngara é judia.

Aproveita o tempo livre para percorrer as ruas do Distrito Judeu, o antigo gueto da cidade, cheio de bares, restaurantes, galerias de arte, lojas de moda e design, etc. Neste bairro fica o bar Szimpla.

O Szimpla é, provavelmente, o ruin bar mais famoso de Budapeste e frequentado sobretudo por turistas. É espaçoso, antes tinha sido uma fábrica, e divide-se em várias zonas e ambientes. As plantas, as cores, os idiomas, os objetos mais loucos e impensáveis, cada sala… destacam-se neste local cheio de originalidade e palco de diferentes eventos. A entrada é gratuita. 

Szimpla faz parte da seletiva lista dos melhores bares do mundo: https://www.worldsbestbars.com/bar/budapest/city-center/szimpla-kert

Bánk Ban, de Ferenc Erkel, é a ópera húngara mais famosa e até foi adaptada para o cinema. A fachada está um pouco desgastada, mas mesmo que não gostes de ópera, visita! A entrada principal faz-nos imaginar dentro da sociedade de Budapeste do século XIX. Para veres o resto, tens de assistir a uma ópera ou participar numa visita guiada de uma hora. Aqui não falta ostentação! O lustre do anfiteatro pesa apenas 2722 kg, ilumina um fresco dos deuses gregos no Olimpo. A Ópera também tem um museu. 



Se gostas de ir a museus, aconselho a Galeria e o Museu Nacional Húngaro:
Galeria Nacional Húngara, fundada em 1975, tem seis exposições permanentes que apresentam a arte húngara desde a época medieval até hoje, destacando o movimento de Secessão caracterizado por padrões excêntricos, cores vivas e formas estilizadas. 

Museu Nacional Húngaro acolhe uma impressionante coleção de arte húngara de artefactos, fotografias e documentos relacionados com a história complicada do país. O museu tem três zonas: na cave estão expostos mosaicos romanos; no primeiro andar objetos do século V a.C. até à Idade Média e, no terceiro andar, os objetos do século XII até à atualidade.

Museu da História de Budapeste, desde as suas origens até ao final da era comunista, incluindo a história do castelo e do palácio. Aqui também é possível visitar a Capela Real e a abóbada da Galeria Gótica.

Comer em Budapeste
Não percas tempo à procura de um restaurante barato, são todos!
A paprika (colorau) é o condimento principal da gastronomia magiar, sem a qual não existiria o seu prato mais famoso: o guisado gulyás (gulash).


Espero ter ajudado na planificação da tua viagem a Budapeste. Na minha opinião, quatro dias é mais do que suficiente para conhecer a cidade e apaixonar-se por ela. Eu tenho sempre vontade de voltar! 

Sabias que...
  • Budapeste está entre as 10 maiores cidades da Europa?
  • a rede de metro (1896) é a segunda mais antiga da Europa?
  • a língua húngara ou magiar está entre as línguas mais difíceis de aprender?
  • o prato principal é o goulash, uma sopa de carne com legumes temperada com paprika, claro!
  • a zona de Tokaj (norte da Hungria), que dá nome aos famosos vinhos, é Património Mundial da UNESCO desde 2002?
  • a palinka é o bagaço extra forte dos húngaros (teor alcoólico de 40% a 70%)?
  • faz parte da União Europeia desde 2004, mas não aderiu ao Euro? O nível de vida do país é muito barato. Um Euro é igual a 311 forints húngaros (HUF). 350 HUF é o preço de um bilhete de metro. 
  • New York Café é a cafetaria mais bonita do mundo? Verifica o Top 10!
  • a Basílica de Santo Estevão e o Parlamento são os dois edifícios mais altos da cidade, com 96 m?
  • o Cubo de Rubik foi inventado pelo húngaro Erno Rubik?
  • o país tem 10 Prémios Nobel? 3 em física, 3 em química, 3 em medicina e 1 em economia.
  • é cenário de vários filmes devido aos baixos custos de produção e mão-de-obra? 
  • o vídeo clip da música “Firework” de Katy Perry é uma homenagem a Budapeste?  
  • Se quiseres consulta o nível de vida na Hungria (2017): 

Muita saúde e boa viagem a Budapeste!


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Portugal em Budapeste:
Lusimag



O conteúdo deste artigo baseia-se na minha experiência e preferências pessoais.

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Comentários

  1. Cidade lindíssima, Budapeste certamente ficará para sempre no meu coração! Obrigada Magda pelas dicas e sugestões, adorámos tudo ��

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